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Foto do escritorCláudia Xavier e Isadora Aguiar

O que é um Cráton?



A palavra “Cráton’’ foi escolhida no ano de 2015 para nomear a empresa júnior de geologia da Universidade de Brasília. Mas no contexto geológico, o que esse nome representa? No texto adiante explicaremos as principais características de um cráton, seu processo de formação, tipos de estruturas e quais os crátons do Brasil.


O QUE É UM CRÁTON?

Os crátons são áreas estáveis e antigas do continente que resistiram à fusão e divisão de continentes e supercontinentes por pelo menos 500 milhões de anos. A crosta cratônica apresenta raízes profundas e espessas e, nas partes mais antigas de um cráton, tal espessura pode passar de 10 km!

Como principais características podemos citar estabilidade relativa, baixo fluxo térmico e alta resistência mecânica. Quase não há atividade tectônica em crátons, embora possam ocorrer poucos terremotos rasos de baixa magnitude, esses não tendem a causar deformações no terreno.


FORMAÇÃO GEOLÓGICA

O processo de formação de um cráton consiste na transformação de áreas instáveis para estáveis, fenômeno esse denominado cratonização. A cratonização é um processo geológico lento que ocorre através de milhões de anos, ocasionado pelo estágio de transição das condições tectônicas regionais.

As áreas continentais de comportamento estável podem sofrer os efeitos do tectonismo de placas com o passar das eras, o que pode desequilibrar sua estabilidade relativa. Dessa forma, há dois cenários:

  1. Caso as atividades tectônicas ressurgentes num ambiente cratônico desequilibre sua estabilidade, modificações dos gradientes tectônicos podem ocorrer, trazendo consequências no registro geológico e metalogenético.

  2. Caso tais atividades tectônicas ressurgentes não causem alteração na condição de estabilidade do ambiente, esse continua sendo denominado como cráton.


ESTRUTURAS

As estruturas de um cráton podem ser divididas de duas maneiras: as zonas de escudo e as plataformas.

Os escudos são as áreas que sofrem ações intempéricas, causando desgastes na rocha. Esse processo só é possível pois em tais locais há exposição superficial das rochas do embasamento do cráton, ou seja, essas não estão recobertas por outros elementos.

Plataformas são locais onde o cráton será revestido por outra formação estrutural, sendo, na maioria das vezes, camadas de sedimentos. Uma das formas de ocorrência de tal cobertura é através da erosão gerada pelo movimento tectônico das faixas móveis.


CRÁTONS BRASILEIROS

O Brasil possui 5 crátons: Amazônico, São Francisco, São Luis, Rio Apa e Rio de la Plata. Sendo os dois primeiros os maiores e principais crátons brasileiros.

Legenda: Mapa esquemático indicando os principais crátons brasileiros. (fonte: Google Imagens)


Cráton Amazônico: localiza-se na parte norte da América do Sul, cobrindo uma área de cerca 4 milhões de quilômetros quadrados e abrangendo múltiplos estados brasileiros, como Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. Nele, ocorrem depósitos de ouro, estanho, ferro, manganês, cobre e níquel.

O Cráton Amazônico é dividido em seis provincias geocronológicas, são elas: Amazônia Central (2,5 Ga) Maroni-Itacaiunas (2,2-1,95 Ga), Ventuari-Tapajós (1,95-1,8 Ga), Rio Negro-Juruena (1,8-1,55 Ga), Rondoniana-San Ignacio (1,55-1,3 Ga) e Sunsas (1,3-1,0 Ga) – Ga é uma abreviatura derivada do prefixo “giga”, utilizada para simbolizar bilhões de anos.


Cráton São Francisco: localiza-se a leste da América do Sul e aflora nos estados da Bahia, Minas Gerais e Sergipe. Aqui está situado o quadrilátero ferrífero e importantes jazidas minerais, tais como ouro, cobre e diamantes.

O Cráton São Francisco destaca-se por apresentar uma das estruturas geológicas mais antigas do território brasileiro. Além do mais, ele é englobado por cinturões orogênicos brasileiros em todas as direções: Faixa Araçuaí a sudeste, Faixa Ribeira a sul, Faixa Brasília a oeste, Faixa Rio Preto a noroeste e Faixas Riacho do Pontal e Sergipana a norte.


Cráton São Luís: situa-se entre o norte do Maranhão e o nordeste do Pará, é composto sobretudo por rochas vulcânicas, metavulcanossedimentares e granitóides. Devido a sua grande extensão, rochas afloram como janelas erosivas e tectônicas descontínuas nas coberturas sedimentares fanerozóicas.


Cráton Rio Apa: falando agora de um pequeno cráton localizado no sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul, este é constituído principalmente por ortognaisses migmatíticos, além de anfibolitos, tonalitos e granodioritos.


Cráton Rio de la Plata: é encontrado no Uruguai, no leste da Argentina e no sul do Brasil. Esse cráton, embora sua menor parte ocorra em terras brasileiras, é considerado importante na compreensão da fusão do Gondwana Ocidental devido sua interação com outros blocos.


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