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  • Foto do escritorHumberto Correia e Luís Pires

A vida e as extinções no tempo geológico



A vida no universo é evidenciada a partir de seu registro nas rochas. Sabemos que registros fósseis ocorrem em níveis específicos dos corpos rochosos, remetendo ao período em que eram vivos. Esse conceito é estudado na geologia como bioestratigrafia.

O tempo geológico é um conceito que muitas vezes pode ser de difícil entendimento, já que o ser humano moderno têm a noção de tempo em meses, dias, horas e minutos. No entanto, a Terra tem bilhões de anos, e terá muitos bilhões pela frente, com ou sem humanos. Tendo isso em mente, é interessante refletir no que as rochas podem nos contar sobre as formas de vida que ocorreram no passado, pois afinal, o presente é a chave para o passado, como diria o princípio do atualismo.



Figura 01: Tabela cronoestratigráfica com as principais extinções em massa. (fonte: Os fósseis e os períodos geológicos – Fundação Paleontológica Phoenix. Disponível em: <http://phoenix.org.br/w/fosseis-periodos-geologicos/>. Acesso em: 22 ago. 2022.)

A vida na Terra foi identificada em grandes proporções após o rápido desenvolvimento que ocorreu no Período Cambriano, há aproximadamente 542 milhões de anos, período em que foi possível encontrar diversos tipos de organismos diversificados, com características evolutivas bem variadas. Devido a esse acontecimento, o tempo geológico pode ser dividido como Pré-Cambriano, que seriam aproximadamente os 4,1 bilhões de anos que antecedem o Cambriano e o Éon Fanerozóico, que compreende os últimos 542 milhões de anos.

Desses últimos milhões de anos, há muitos registros fósseis de formas de vida variadas que existiram. No entanto, da mesma forma que há vida na Terra, há morte, e assim, eventos de extinções em massa que ocorreram no mundo são identificados.

Extinção em massa é um vocábulo utilizado para representar calamidades naturais que apresentam a capacidade de eliminar aproximadamente 75% das espécies globais em um curto período de tempo.

No planeta Terra, existiram cinco principais extinções em massa, relacionadas ao período em que ocorreram, sendo elas: A extinção do Ordoviciano-Siluriano, do Devoniano, do Permiano-Triássico, do Triássico-Jurássico e do Cretáceo-Paleogeno.


Extinção do Ordoviciano-Siluriano

Ocorreu há aproximadamente 440 - 450 milhões de anos, quando todos os organismos viviam em condições marinhas. A teoria mais aceita atualmente é que essa extinção ocorreu por eventos de forte vulcanismo marinho, nos quais a lava e as cinzas reagiram com a água salgada liberando fósforo, o que a longo prazo causou um resfriamento climático, que gerou a glaciação nesse período, reduzindo o nível de oxigênio nas águas e provocando a extinção de mais de 60% de toda a vida que existia.


Extinção do Devoniano

A extinção durante o Devoniano, ocorrida entre 419,2 a 358 milhões de anos (aproximadamente), é associada a múltiplas causas, como excesso de sedimentação, rápido aquecimento global e impacto de meteorito ou cometa. Evidências de todos esses eventos foram encontradas e eles extinguiram de 70 a 80% de todas as espécies animais que existiam.


Extinção do Permiano-Triássico

Essa foi a maior extinção registrada, eliminando por volta de 95% da vida na Terra. Ocorreu cerca de 251 milhões de anos atrás e extinguiu diversas espécies importantes para a marcação do tempo geológico, como os trilobitas. Entre as espécies que sobreviveram destaca-se a classe dos répteis, cujo desenvolvimento notável ocorreu no período seguinte.

Não se sabe ainda o motivo causador de tal extinção em massa, alguns cientistas propõem a hipótese de impacto de um meteorito, porém ainda não há evidências concretas para tal afirmação. Os registros geológicos encontrados apontam para uma crise climática, evidenciada por capas de gelo e mudanças de composição química do mar datadas em tal intervalo de tempo.


Extinção do Triássico-Jurássico

Aproximadamente há 201 milhões de anos ocorreu a extinção do final do Triássico. Não se sabe muito sobre o que originou tal circunstância, porém as hipóteses mais aceitas indicam que houve uma série de eventos, incluindo intensas atividades vulcânicas, que culminaram em mudanças climáticas drásticas e instabilidade do ambiente aquático. Comparada com as outras extinções, a taxa de espécies mortas foi menor, com 20% a 30% de perda da fauna marinha.


Extinção do Cretáceo-Paleogeno

A última e mais famosa extinção em massa ocorreu no final do Cretáceo, há 65 milhões de anos, causando o fim de muitas espécies animais e vegetais, incluindo os famigerados dinossauros. Os estudos mais recentes apontam que um meteorito de 10 km de diâmetro colidiu com a Terra onde hoje é a península de Yucatán (México). Além dos fortes tremores causados pelo impacto, uma espessa camada de poeira cobriu a atmosfera por um longo período, gerando assim uma morte em cadeia: primeiro as plantas, depois as espécies herbívoras e, por fim, as carnívoras.


Figura 02: Tabela de magnitude das maiores extinções em massa do Fanerozóico. (fonte: Extinções Orgânicas. REVISTA USP, São Paulo, n.71, p. 38-43, setembro/novembro 2006)


Tendo em mente toda a história que ocorreu na Terra, é interessante pensar o quanto o ser humano ocupa nessa relação. Em toda sua história, desde a idade da pedra até a idade contemporânea, passaram-se somente 2,5 milhões de anos, sendo que os tempos modernos com tecnologia e informação para uma grande parte da humanidade compõem apenas os últimos 300 anos. Somos apenas uma poeira, em meio a esse pálido ponto azul que é a Terra, e o que o futuro nos espera, provavelmente já ocorreu no passado.


Referências Bibliográficas


‌Extinções Orgânicas. REVISTA USP, São Paulo, n.71, p. 38-43, setembro/novembro 2006.

Gradstein,F.M.; Ogg,J.G.; Smith,A.G.; Bleeker,W.; Lourens,L.J. 2004. A new Geologic Time Scale, with special reference to Precambrian and Neogene. Episodes, 27(2): 83-100


House, Michael R.. "Devonian extinctions". Encyclopedia Britannica, 27 Mar. 2017, https://www.britannica.com/science/Devonian-extinctions. Accessed 30 June 2022.


SBG - Serviço Geológico do Brasil. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/SGB-Divulga/Canal-Escola/Breve-Historia-da-Terra-1094.html>. Acesso em: 22 ago. 2022.



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