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  • Foto do escritorFernanda Rolo e Samuel Santos

Cavernas do Brasil


Figura 1: Entrada de caverna na Chapada Diamantina, Bahia (fonte: <https://ep.acidadeon.com/on-adventure/NOT,0,0, 1633784,expedicao-espeleomergulho-bahia-realiza-conexao-inedita-de-cavernas.aspx>).


Uma cavidade natural subterrânea é, de acordo com o Decreto nº 10.935, de 12 de Janeiro de de 2022, todo e qualquer espaço subterrâneo acessível pelo ser humano, com ou sem abertura identificada, popularmente conhecido como caverna, gruta, lapa, toca, abismo, furna ou buraco. Tais ambientes são caracterizados por seu conteúdo mineral e hídrico, a fauna e a flora ali encontrados e o corpo rochoso onde os mesmos se inserem, desde que tenham sido formados por processos naturais, independentemente de suas dimensões ou tipo de rocha encaixante.

As cavernas, portanto, não são vazios isolados no ambiente subterrâneo, mas integram, em grande parte, uma paisagem denominada carste, ou seja, terrenos onde predominam rochas solúveis, como o calcário. Mas em outras paisagens, que não as cársticas, também podem ocorrer cavernas, como em granitos, em quartzitos e até mesmo em rochas ferríferas.


Figura 2: Foto do Abismo Anhumas, caverna de calcário em Bonito-MS (fonte: <https://abismoanhumas.com.br/caverna-com-o-maior-cone-calcario-do-mundo/>).


Figura 3: Caverna de lava no Havaí (fonte: <https://olhardigital.com.br/2022/07/25/ ciencia-e-espaco/cavernas-de-lava-no-havai-abrigam-formas-desconhecidas-de-vida/>)


No entanto, são nos carbonatos que desenvolvem-se mais de 90% das cavernas conhecidas no planeta. No Brasil, cerca de de 5 a 7% de todo o território é ocupado por carstes carbonáticos.

Figura 4: Províncias espeleológicas brasileiras (Retirado de TIMO, Mariana Barbosa. Mapeamento geomorfológico da região Cárstica do Córrego do Cavalo, Piumhi (MG). Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2014. 133p.).


O Grupo Bambuí configura a mais extensa ocorrência de calcário do Brasil, e cobre a porção noroeste do Estado de Minas Gerais, sudeste de Tocantins e oeste da Bahia. Já o Grupo Una, onde está inserida a Toca da Boa Vista, a maior caverna conhecida no Brasil e uma das 20 maiores do mundo, com quase 115 km de galerias mapeadas, ocorre na região central da Bahia.


Figura 5: Caverna Toca da Boa Vista, Bahia (fonte: Google Imagens).


As estatísticas espeleológicas brasileiras são expressivas. Para alguns pesquisadores, em 2006, eram conhecidas apenas 3% do provável potencial de cavernas em rochas carbonáticas do Brasil, menos de 1% das cavernas em quartzitos e arenitos, aproximadamente 20% em minérios de ferro e menos de 10% em outras litologias. Atualmente este número não é tão diferente e aumenta a passos curtos, pois depende da realização de exaustivos trabalhos de campo de espeleólogos e/ou grupos de espeleologia espalhados pelo país.

Existem vários bancos de dados de cavernas no Brasil, o mais antigo deles é o Cadastro Nacional de Cavernas (CNC), mantido pela Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE). Vale destacar também o Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE), mantido pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (CECAV), o qual sistematiza, desde 2005, tanto dados levantados por suas Bases Estaduais e Avançadas, quanto dados existentes nos cadastros privados.


Figura 6: Visão geral da página inicial do CNC.


Como frisado anteriormente, o desenvolvimento do modelo de produção capitalista, principalmente na sua fase atual, tem aumentado exponencialmente a pressão sobre o patrimônio espeleológico nacional. Atividades como a mineração, construção de reservatórios e barragens, urbanização e industrialização, desmatamentos e atividades agropastoris e turismo, são as que mais impactam as cavernas no Brasil, estando os maiores conflitos na atividade minerária.

A conservação e proteção do Patrimônio Espeleológico Nacional é de extrema importância já que este constitui testemunhos com imensurável valor cultural e científico, como as pinturas e grafismos rupestre, fauna troglóbia endêmica e formações geológicas únicas, assim como a utilização de alguns destes ambientes para a realização de rituais e manifestações religiosas. O Brasil possui uma posição de destaque em termos de potencial espeleológico, por isso, se faz cada vez mais importante o incentivo à pesquisa e divulgação científica do carste nacional, visando sua proteção e auxiliando na diminuição dos impactos ambientais negativos ao carste e às cavernas.


Figura 7: Vandalismo na Gruta da Macumba (Foto: Marcelo Albuquerque, 2012).



Referências Bibliográficas


AULER, Augusto. Relevância de cavidades naturais subterrâneas: contextualização, impactos ambientais e aspectos jurídicos. Brasília: Ministério de Minas e Energia, 2006. 166p.


BRASIL. Decreto nº 10.935, de 12 de Janeiro de de 2022. Dispõe sobre a proteção das cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional, e dá outras providências.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019- 2022/2022/Decreto/D10935.htm#art12> Acesso em 10 de fevereiro de 2023.


CRUZ, Jocy Brandão. Levantamento espeleolológico: prospecção, identificação e caracterização de cavidades naturais subterrâneas no lajedo do Arapuá, Felipe Guerra/RN, tendo como suporte as geotecnologias. Monografia (Graduação em Geografia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN, 2008. 122 p.


KARMANN, Ivo. Ciclo da água: água subterrânea e sua ação geológica. In: TEIXEIRA, Wilson (Org.). Decifrando a terra. São Paulo: Oficina de Texto, 2001. p. 116-166.


ICMBIO. Potencialidades de Ocorrências de Cavernas. MAPA BRASILEIRO DE POTENCIALIDADE DE OCORRÊNCIA DE CAVERNAS. Disponível em: <https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/centros-de-pesquisa/ cecav/publicacoes/Potencialidades%20de%20Ocorrencias%20de%20cavernas> Acesso em 13 de fevereiro de 2023.



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